Existem muitas interpretações equivocadas sobre esse assunto. E hoje estamos aqui para esclarecer tudo isso, afinal todos nós desejamos à você um parto respeitoso e cheio de amor.
Ter um parto respeitoso é um direito que toda mulher tem, assim como ser assistida por uma equipe médica cuidadosa e preparada, um ambiente confortável, ter um acompanhante com você durante o trabalho de parto, parto e pós parto.
Ter seu corpo, seu momento, seu tempo, sua voz e o nascimento do seu filho, tratados com respeito e dignidade. Isso é direito de todas.
Quando uma mulher deseja um parto e um nascimento respeitoso, ela está desejando um parto humanizado.
Diferente do que muitas pessoas pensam, o movimento da humanização não está relacionado a um tipo de parto, se é cesárea ou vaginal, não é parto na banheira, com música, aromas e luz baixa. É mais do que isso. É uma busca por tornar esse processo mais humano.
A humanização é a junção de tudo o que teve de melhor até aqui, os avanços da ciência que salvaram muitas vidas e a sabedoria do nosso corpo. Para entender melhor o que está acontecendo na assistência ao parto hoje, precisamos conhecer um pouco do contexto e da história do parto
Contexto histórico sobre o parto e nascimento
Antigamente o parto era feito em casa, com parteiras. Quando ele passou a ser feito no hospital, os altos índices de óbitos maternos e neonatais foi reduzido, o que é muito importante.
Nessa busca de melhorar os resultados, algumas práticas e intervenções médicas foram surgindo. Porém com o passar do tempo foi sendo percebido alguns “efeitos colaterais” desse processo de hospitalização e medicalização, algumas dessas práticas mais tarde foram consideradas como não efetivas ou não indicadas.
A partir daí, o parto e o nascimento foram deixando de ser vistos como um processo fisiológico e natural da mãe e do bebê, passando a ser um evento centralizado no médico surgindo então algumas intervenções que hoje estão sendo consideradas desnecessárias a partir da medicina baseada em evidências.
São dessas intervenções desnecessárias que surgem as violências obstétricas.
Violência obstétrica
Você sabia que 1 em cada 4 mulheres sofre violência obstétrica?
O descaso e o desrespeito com as gestantes na assistência ao parto acontecem tanto no setor público quanto privado. As agressões acontecem em diversas ordens: físicas, verbais, sexuais…
A violência obstétrica é caracterizada pelo “ uso excessivo de medicamentos e intervenções no parto, assim como a realização de práticas consideradas desagradáveis e muitas vezes dolorosas, não baseadas em evidências científicas. Alguns exemplos são a tricotomia (raspagem dos pelos pubianos), episiotomias de rotina, realização de enema, indução do trabalho de parto e a proibição do direito ao acompanhante escolhido pela mulher durante o trabalho de parto.”
Muitas pacientes são induzidas a cesariana eletiva sem a verdadeira necessidade, e é através da medicina baseada em evidência que estamos entendendo o quanto dessas induções e procedimentos são de fato necessários. Muitas vezes privando a mulher de informações importantes que geralmente vão de encontro à esses procedimentos.
Algumas intervenções realizadas por profissionais de saúde que são consideradas violência obstétrica dentro desta lei são:
– obrigar a mulher a parir em posição de litotomia (deitada), posição contra a fisiologia do parto, não facilitando a saída do bebê
(Carolina Horita/Bebê.com.br)
– impedir o apego inicial da criança sem causa médica justificada
– alterar o processo natural do parto através do uso de técnicas de aceleração sem consentimento voluntário da mãe
– praticar o parto por via cesárea quando há condições para o parto natural e quando esse é o desejo da mulher
“Um fator sempre presente entre as gestantes é a falta de informação e o medo de perguntar sobre os processos que irão ser realizados na evolução do trabalho de parto. Essa situação pode levá-las a se conformarem com a exploração de seus corpos por diferentes pessoas, aceitando diversas situações incômodas sem reclamar.” Fonte
A violação dos direitos da gestante durante o parto tiram a autonomia e poder de decisão sobre seus corpos. “Nesse sentido, significa a apropriação dos processos reprodutivos das mulheres pelos profissionais da saúde, através de uma atenção mecanizada, tecnicista, impessoal e massificada do parto.” Fonte
Recomendações da OMS
A OMS recomenda que apenas 15% dos partos sejam cesariana e no brasil esse percentual chega a 57%, sendo o 2º país com o maior número de cesarianas. Parece que temos algo de errado, não? A pergunta é: por que a porcentagem de cesarianas no Brasil está tão acima das recomendações?
E o problema aqui, não é a mulher escolher fazer uma cesariana, mas “escolherem” por ela. O problema é a mulher não ter o direito de ter as informações adequadas e ser conduzida pelo sistema que a afasta e assusta sobre tudo o que é natural.
Por que o parto humanizado é importante para a mulher e para o bebê?
O parto é um momento de muita vulnerabilidade tanto para a mulher quanto para o bebê que acaba de chegar ao mundo, e é muito importante que esse momento seja vivido com segurança, acolhimento, respeito. Esse é o objetivo da humanização. Alguns benefícios do parto humanizado:
- receber uma assistência ao parto respeitosa
- direito de ter um acompanhante durante o parto
- ter autonomia para escolher as posições que se sente mais confortável
- ter direito de conhecer e escolher os procedimentos feitos em seu corpo e no bebê
- ter acesso a instrumentos de alívio de dor e tensão como massagens, banhos no chuveiro, música
- nascer em um ambiente acolhedor
- ir direto para o colo da mãe, gerando benefícios para a amamentação e construção do vínculo
- o pai poder participar desse momento
Você merece um parto humanizado
Cada mulher é dotada de um corpo e uma fisiologia que são únicos no mundo.
Identidades e histórias de vidas singulares, portanto cada uma de nós, mulheres carregamos em nosso corpo e em nosso psiquismo marcas diferentes, o que nos faz encarar a maternidade, o parto, as dores e cada parte deste processo de uma forma exclusivamente nossa.
Isso tudo precisa ser levando em conta ao se (re)pensar o parto.
Humanizar o parto é aceitar que somos únicas, portanto aceitar que cada parto seja único.
Um olhar para a individualidade de cada mulher, de cada família e “devolver” à ela o poder de escolha, devolver o protagonismo que lhes foi roubado.
É a mulher que sente no seu corpo cada sintoma desde o início da gestação até as últimas contrações, é a mulher que passa meses sendo morada de um novo ser, é a mulher que passa por milhares e milhares de mudanças emocionais e hormonais, é na pele dela, é no corpo dela, é no psiquismo dela.
Acreditamos que o parto natural (parto sem nenhuma intervenção cirúrgica) possui inúmeros benefícios para a mãe e para o bebê e que muitas vezes o medo da dor colocado na mulher e os procedimentos desnecessários afastam-a de cogitar essa possibilidade.
Mas, acreditamos ainda mais, que todo parto pode ser humanizado. Acreditamos que você merece respeito nesse momento que pode ser tão vulnerável e tão lindo ao mesmo tempo.
Você está grávida e quer se preparar para ter um parto humanizado?
Queremos te ajudar nisso. Acesse o link e baixe nosso plano de parto com uma mini aula sobre este documento <3